quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Oficiais X Praças no RJ

Oficiais querem fazer novo concurso e voltar a ser praça para ganhar Bolsa Olímpica
Sem benefício, tenente ganhará menos que soldado


POR MARIA INEZ MAGALHÃES

Rio - O Bolsa Olímpica — benefício de R$ 1,2 mil para policiais civis e militares, bombeiros e guardas municipais que atuarão na Copa 2014 e nos Jogos de 2016 — está fazendo com que um grupo de tenentes, oficiais que não têm direito à gratificação, queira voltar a ser praça. O benefício será restrito a quem recebe até R$ 3,2 mil e, portanto, vai excluir os oficiais. Alguns passarão a receber menos do que subordinados beneficiados pelo programa do Ministério da Justiça.

Por isso, esses tenentes planejam fazer o próximo concurso para a PM — ainda sem data definida. Se passarem na prova, os oficiais deverão pedir baixa para entrar de novo na instituição. Inscrever-se num novo concurso foi a forma que os oficiais encontraram de protestar contra o benefício, já que fazem a prova fardados, o que, acredita o grupo, causará constrangimento na corporação.

Melhores salários são uma reivindicação antiga da Polícia Militar. Segundo o presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), tenente Melquisedec Nascimento, em 2005, PMs armaram um protesto devido às baixas remunerações. Na época, a governadora era Rosinha Garotinho e o secretário de Segurança Pública, Marcello Itagiba.

“Os policiais prometeram jogar suas espadas no mar, no Forte de Copacabana, porque o governo ofereceu um aumento bem abaixo do pedido pela classe. A ideia dos oficiais de fazer novo concurso e voltar a ser praça só mostra que a situação salarial do PM só piora a cada ano”, avaliou Melquisedec.

DESCONTO MAIOR
Benefício melhora o salário, mas aumenta também o imposto

Com a bolsa de R$ 1,2 mil, não só o salário dos praças aumenta, mas também o desconto no imposto de renda. Há três alíquotas. Segundo o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Vanderlei Ribeiro, cabos e soldados estão inseridos na mais baixa delas. Com o benefício, eles serão incluídos no percentual maior, o de 27,5%.

Um PM que paga pouco mais de R$ 100 por mês de contribuição passará a gastar cerca de R$ 500. “Na verdade, essa bolsa é de R$ 700, que é o que sobra. O governo dá com uma mão e tira com outra. É preciso definir a política salarial”, defende Ribeiro, que pretende entrar na Justiça contra o decreto do Bolsa Olímpica. “Já conversamos com os advogados. Ou todos os policiais recebem ou vamos pedir anulação do decreto”, disse ele.

A regulamentação do decreto deve ser publicada até semana que vem.
Fonte: Jornal o Dia

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